Depois da derrota por 3 x 2 para o Resende, na última quarta-feira no Engenhão, a situação do então técnico Dorival Júnior ficou complicada, e acabou com a demissão do ex-treinador 3 dias depois. Nada de anormal até aí.
O problema, a meu ver, é como a demissão foi desenhada. O técnico nunca foi unanimidade para a nova diretoria, que com a política correta de pés no chão, achava seu salário muito alto, e que ainda sofreria reajuste no segundo semestre. Ou seja, era questão de tempo para arrumarem um motivo para demitir Dorival.
E esse tempo foi bastante curto. Dorival sempre deixou claro as deficiências do grupo. Mostrou onde precisávamos de reforços. Fez grandes partidas, mesmo sem vencer, no Brasileiro do ano passado. Sempre mostrou profissionalismo, e cobrava isso dos jogadores. Quando ganhava, ganhava o grupo, e quando perdia, chamava a responsabilidade para si.
Achou um estilo de jogar da equipe, coisa que nem Luxemburgo, que ficou quase 2 anos no comando do clube conseguiu. Só que o salário alto ainda incomodava.
Pelo que foi noticiado, o clube propôs um corte de 50% no salário do técnico. Dorival aceitou 40% agora, e o restante depois do reajuste no meio do ano. E isso pode ser interpretado de duas formas:
1º- Ele sabia que seu salário era absurdamente alto, e que talvez fosse além do que merecia ganhar.
2º- Ele estava abraçando o projeto de reestruturação do clube, acreditando na nova diretoria, e torcendo por um Flamengo melhor no futuro, totalmente interessado em fazer parte dessa mudança. Ou será que ninguém pensou nessa hipótese também? Quem é que aceita de bom grado, um corte de 40% em seus vencimentos, e mais um corte meses depois, para exercer a mesma função ? Mais uma prova da honestidade desse treinador.
Qualquer que tenha sido o motivo, ficou claro que a diretoria poderia ter considerado a atitude do técnico, mas não o fez justamente por ele não ser o "favorito" da equipe de Bandeira de Melo.
No mesmo dia da demissão de Dorival, no sábado, surgiu o nome de Jorginho, ex-lateral direito do clube e Tetracampeão com a seleção brasileira em 94. A opção que sempre foi comentada nos bastidores, era Mano Menezes, o que não faria o menor sentido, pois com certeza o ex-técnico da seleção brasileira tem um salário top. E apenas 48 horas após a demissão de Dorival, Jorginho era apresentado como novo técnico. Vale lembrar que ele acompanhou a partida contra o Resende, no Engenhão. Coincidência ou não ?
Como disseram durante as eleições, a diretoria trouxe alguém idendificado com o clube, já que Jorginho foi Campeão da Copa União em 87, assim como seu auxiliar Ailton. O novo treinador vem de uma passagem apagada pelo Japão, e com a expectativa de repetir o trabalho feito com o Figueirense em 2011, quando quase levou o clube á Libertadores.
Não tenho nada contra Jorginho, e vou torcer muito para que seu trabalho dê certo, é lógico, mas ao meu ver, o modo como foi conduzida a demissão, e a contratação do novo técnico, mostrou que alguns vícios do futebol, especialmente o brasileiro, não se perdem. Nem mesmo com uma diretoria composta de craques executivos, bem sucedidos e éticos.
Obrigado ao Dorival Júnior, pelo empenho em transformar um time que jogava como um bando, em uma equipe que tem noção do que fazer em campo. O senhor não poderia fazer milagres, pois falta material humano. Tá certo que teve algumas mexidas erradas, mas em todas as vezes, você mesmo reconheceu. Um dos poucos "homens" que ainda existem no futebol, e que se preocupa com as pessoas, como disse em várias oportunidades. Segundo ele, enquanto não houver uma preocupação maior com a educação dos jogadores desde a base, vai ser difícil formar grandes jogadores, com o psicológico dos craques de antigamente. Hoje o menino na base ganha 10, 20 mil, e já se acha o jogador. E como vai dizer pra um menino mimado desses, que ele não é ? Vida que segue.
Infelizmente, ética e futebol dificilmente trabalharão lado a lado no futebol canarinho Dorival, é um problema não só do futebol, mas cultural. E vai levar tempo para mudar essa diretriz.
Boa sorte em seu novo clube.
Seja bem vindo Jorginho! A Nação está com você.
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